Ela passou por alguns dias sem a compainha dele...mas ele não era algo assim qualquer....daqueles que a falta, com o tempo, parece normal...e que uma foto já pode curar. Ele é lindo, tem ternura...um sorriso e uma poesia que pra alguns pode não ser muita coisa, mas para ela é cor de pitanga e ele toca a canção mais bela no violão, ainda que esteja desafinado. E o beijo, ah! O beijo...até então, tem sabor de tanta coisa boa junta... e aí, tudo então, parece bonito... e ainda assim...tudo perde o sentido, como disse, Fernando Pessoa:"Porque quem ama nunca sabe o que ama. Nem sabe porque ama, nem o que é amar. Amar é a eterna inocência. E a única inocência, não pensar...".
Ela, então, se perdeu na ausência dele e fugiu de si mesma, tentou virar outra mulher para ver se sua dor a abandonaria, para ver se enganaria os dias vazios de solidão. E uma música então, marcava cada dia, e ela então dizia: "eu...estou pensando em você, pensando em nunca mais....pensar em te esquecer..."(Paulinho Moska)...mas como assim? O que ela queria era esquecer, era perder cada lembrança dele, fazendo um caminho de volta para casa, mas de que adiantava?...se as cartas ainda estavam guardadas e os versos pareciam tão perversos...que até as palavras doces, ficavam salgadas, pelas lágrimas que ela derramava...
Ia, então, se distraindo...procurando um outro, que também fosse terno, mas pelo caminho que passou, nada encontrou...havia um ou outro viajante, mas nunca tão apaixonante, que a fizesse mudar de destino...
E onde estava ele? Enquanto ela se perdia em uma vida que nem era a sua...e ela disfarçava, mudava de assunto, ficava calada...quando o corpo queria jogar a saudade para fora em um grito...
Ela era como o sol... e ele era a lua...tão longe, e tão perto, mas por serem opostos, eles nunca se encontravam no tempo...estavam sempre em contratempo... A saudade estava presente, causava furacões, causava enchentes....que as vezes os aproximavam...eles, então, se beijavam em silêncio, queriam o fim da agonia, mas com medo da monotonia, viviam intensamente o dia, até que a enchente os levassem para longe de novo... e daí?...se ele estava ali presente na flor, presente na música, presente no programa de tv, presente no livro de filosofia... o que fazer com a unipresença que ele tinha e mantinha em sua vida?
Ela foi vivendo... e convivendo, com o fantasma do medo de nunca mais esquecê-lo, e pior ainda, de perdê-lo...para as marcas inegáveis...de um tempo a passar...
E nesse caminho de volta para casa tropeçou na pedra dos sonhos, caiu, dormiu e sonhou, que reencontrava esse grande amor, e que nem mais lembrava, porquê que dele se separou... e assim ela voltou flutuando, cada passo, que até então, pesava para ser dado... e seguiu o magnetismo do desejo que ele também tinha, de tê-la ao seu lado, nos dias de muita chuva, nos dias de muito sol, e todos os dias que viessem entre estes... e em silêncio profundo, decidiram sonhar juntos... cada beijo, cada sorriso...e em cada dia, um belo verso se desenharia...para no fim criar a poesia, dos amores imperfeitos. Desde então, eles ainda não perceberam, que o sonho em que se meteram, nada mais era do que uma desculpa para a realidade, acordem... vocês estão vivendo aquele sonho...