Ela ficava sempre ali, sozinha e quietinha parada na janela, contemplando sempre a mesma árvore de Ipê, e vendo o quão interessante era as outras vidas. Não que ela não vivesse, mas ela gostava mesmo era de criar histórias, na verdade ela era muito mais feliz quando dava vida à uma personagem de suas histórias malucas, do que quando tinha que viver a verdade, sem poder controlar seu próximo passo. Ela tinha medo.
E então, todos os dias ela fazia as mesmas coisas, acordava bem cedo e ia trabalhar, fazia seu serviço o melhor que podia, afinal era um tanto perfeccionista, e aí...voltava tarde do trabalho, descia do carro, corria e ligava a tv, e então, contemplava as coisas que não conseguia ver da janela e quando desligava, sempre precisava de uma droga qualquer, para fugir de uma realidade cada vez menos colorida, cada vez mais real, e então ia até a geladeira e pegava a barra de chocolate e devorava incessantemente, como se seu objetivo fosse chegar ao nirvana em cada mordida, ligava o rádio para acentuar a solidão, e assim quem sabe ficar mais triste, porque assim ela conseguia ficar mais criativa...e então se sentava perto da janela para ver as luzes da cidade e imaginar milhares de situações, romances incríveis, com amor de verdade, não esses que vemos por aí. Um amor que ela só consegue em sonhos, e que ela tanto queria que fosse real. Homens maravilhosos, inteligentes e românticos que se descobrem plenamente apaixonados, por uma mulher sem muitas qualidades físicas, mas recheada de sonhos. Sim...ela vive a vida em sonhos, até tarde da noite e então ela percebe que tem que dormir se quiser acordar no outro dia...e ela quer, quer sim...porque descobriu-se feliz e realizada da forma como vive, descobriu os prazeres de sua solidão e suas histórias, descobriu que para ser feliz nem sempre é preciso dispor dos mesmos ingredientes que as outras pessoas.
Às vezes, alguém do mundo real bate à porta, às vezes ela atende, às vezes não, dia desses era um desses caras que ainda insistem em tirá-la do mundo encantado, e ela incrivelmente abriu a porta, e desde então...nunca mais voltou para o mundo real.
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Lorena Natália
Deixe-me entrar (imagem: Amanda Church)
Há um ano
Nossa Lorena! Que profundo!
ResponderExcluirBrigada pela visita lá no meu blog!
Bjão!
Oi Lorena,
ResponderExcluirVc tbm escreve muito bem!
descreve bem as situações, discorre bem o texto! ADOREI!
Bjim
Lindo, bravíssima... adoro o que você escreve. Quem sabe tem alguns poucos bilhões de pessoas que sentem assim e se entregam ao silêncio somente!? E, de todo jeito, quando você coloca no papel, não tá mais sozinha. So, escreva.
ResponderExcluir(...)e ligava a Tv e
, então,
contemplava as coisas
que não conseguia ver da janela e
, quando desligava,
sempre precisava de uma droga:
qualquer droga.
(...)
as vezes sou como essa mulher sozinha...
ResponderExcluirOi, Lorena!
ResponderExcluirGrata pela visita e pelo carinhoso comentário.
O sonho nos move, mas há que, de vez quando, botar os pés no chão.
Beijos,
Inês
p.s. vou voltar sempre.
acabas de ganhar uma fã.
ResponderExcluiradorei.
bjo lindinha
=D
as vezes buscamos um mundo de fantasias...algo realmente perigoso, pois dificil de voltar ao mundo real quando tudo se torna fabuloso...
ResponderExcluirsrta vc cada dia mais inspirada para escrever seus poemas...e aposto q agora mais do que nunca né?? =]
felicidades ai...tudo de bom pra ti...bjus nessa testa de amolar facão.
Aff..¬¬..MUUUUITO lindo!!*.*
ResponderExcluirSó minha irmãã pra escrever dessi jeitu!!*.*
te amo..!!